O advogado trabalhista do futuro
por Polyana Laís Majewski Caggiano
Muito tem se questionado acerca do futuro da advocacia trabalhista, sobretudo após intensas alterações legislativas, as quais principiaram com a lei 13467 de 13 de julho de 2017, mais conhecida como reforma trabalhista, seguida de um evento que marcou a história da humanidade: a crise biológica do Covid-19 que impactou profundamente a economia e as relações de trabalho, culminando em uma série de medidas provisórias editadas com o intuito de minimizar as consequências da grave crise global.
E houve necessidade de uma abrupta adaptação, tanto por parte dos empregados, como pelos empregadores, exigindo rápido ajuste e amoldamento dos advogados.
O cenário da advocacia trabalhista, sobretudo empresarial, já não é mais o mesmo. As demandas massificadas que outrora se multiplicavam, agora estão menos volumosas, mais comedidas e precisas, muito por conta dos honorários sucumbenciais, mas este não é o único motivo.
A cultura instituída no Brasil era pautada na resolução dos litígios majoritariamente através do Poder Judiciário, o que de certa forma causa morosidade e oneração, porém aos poucos têm-se observado movimentos e campanhas de (des) judicialização dos conflitos como meio eficaz de abrandar os impactos econômicos suportados pelo empresariado.
Não é novidade para ninguém que o grande volume do contencioso trabalhista tem sido ocupado pelo consultivo, na busca de estratégias de redução de custos, por um simples motivo: o que não é custo, é lucro!
E o advogado trabalhista não tem outra alternativa que não seja se reinventar, mas muitos se perguntam: por onde começar?
O norte tem nome e sobrenome: “planejamento estratégico”. Através do qual o advogado deve sair da sua zona de conforto e traçar novos objetivos, novas metas e estratégias de implemento de um plano de ação visando atender as atuais necessidades de seus clientes em suas respectivas áreas de atuação.
O passado só serve como aprendizado. É necessário olhar para o futuro crítica e desafiadoramente, tentar compreendê-lo e, posteriormente, dominá-lo. E para isso é crucial obter e gerir informações para assim definir ações que se amoldem às exigências de quem o contrata.
O segundo ponto a ser observado envolve organização de forma a cumprir o planejamento, e aqui não se pode olvidar as novas tecnologias, temidas por muitos, mas quando bem utilizadas ajudam ordenar ideias, fluxos de trabalhos e otimizam o acesso às informações e conteúdos necessários.
Cada vez mais o empresariado tem adotado sistemas internos para “ler” rapidamente suas demandas, focando principalmente em saber quanto elas valem e quais as suas causas. Logo, se o advogado não estiver preparado para aprender o sistema do cliente, alimentar e gerir estas informações de forma dinâmica, provavelmente estará caminhando para o retrocesso e estagnação profissional.
A motivação não deve se esquivar do planejamento e aqui entra o papel dos líderes, os quais devem mover pessoas para o objetivo comum, devem motivar seus colegas a criar uma paixão e um carinho especial para com seus clientes e assim estimular a cooperação, integração e comunicação a fim de que se chegue onde se quer chegar.
Ainda, deve haver monitoramento constante e cuidadoso para saber se o modo como a execução aconteceu converteu-se no resultado planejado inicialmente.
Hodiernamente, advogar na área trabalhista tornou-se um grande desafio, porém, utilizando as ferramentas corretas é possível se fortalecer ainda mais, sem esquecer que hoje é muito valorizada a solução rápida de conflitos, seja por meio de acordos com fins de (des) judicialização e redução do passivo, seja com estratégias consultivas para evitar novos processos e minimizar potenciais riscos, primando por resultados qualitativos e quantitativos na solução eficiente das demandas.
No final das contas, o advogado trabalhista do futuro será aquele que estuda muito e sempre está atualizado, aposta em métodos de conciliação, cooperação e mediação, fideliza e até mesmo galga mais clientes sabendo dialogar e orientar preventivamente, tendo postura estratégica, convivendo com as novas tecnologias e tendo jogo de cintura para se adequar às necessidades atuais e dinâmicas de seu cliente.